Hoje aconteceu um fenômeno bem “interessante” e inédito. Um tapete de aguapés navegou pelo lago desde a ETE (estação de tratamento de esgoto) Sul até o Katanka, estacionando na nossa praia que ficou desse jeito da foto! Se fosse uma matéria de televisão, o repórter certamente diria "do tamanho de não sei quantos campos de futebol".
Imagem feita a mais de 70m de altitude
É um caminho totalmente improvável por dois motivos:
1- A ETE fica a 11 km de distância do Katanka e a sotavento do nosso vento predominante. Sotavento é o equivalente a jusante, ou seja, se o vento fosse um rio, a ETE estaria 11 km correnteza abaixo.
2- Não bastasse isso, não é uma linha reta. Para um aguapé sair da ETE sul e chegar no Katanka ele tem que “subir a correnteza” e fazer curvas!
Primeiro precisaria de um vento sudoeste com rondadas pra sul para as plantas conseguirem chegar até o Pontão. Depois o vento oeste deveria trabalhar por muito tempo para o aguapé ir boiando por mais 5 km até a ponte JK. Depois disso um sul empurrando por mais 1 km e, finalmente, o nosso vento leste, que é o sopra quase sempre para apontar as plantas no quilômetro final até o Katanka. O fato é que o lago virou planta no meio da manhã de hoje! E era MUITA planta. Sobrevoando com o drone, era possível ver aguapé praticamente no trajeto todo desde a raia sul
A ETE Sul, onde proliferam as plantas é no canto esquerdo
Que essas plantas existem não é novidade pra gente. Já aparecerem aqui na frente, é. Mas, como a gente mexe com vento desde sempre, sabemos que basta um bom NW, até comum nessa época, pra deixar a nossa orla como antes. Aliás, isso já rolou hoje mesmo e a margem em frente ao Katanka já está livre novamente.
Mas o que impressiona ainda mais que a quantidade de plantas que estão boiando pra longe de onde normalmente ficam é a quantidade de sujeira que elas foram sequestrando no caminho. Aí sim, a coisa ficou feia!
Garrafas, copos, sacos plásticos e mais um monte de coisa que só a mão dos mal-educados humanos atira no chão ou direto na água.
Garrafa pet é o lixo mais comum, mas até isqueiro apareceu com as plantas
No domingo passado, velejando já com um sudoeste (que, por sinal, é o pior vento no Katanka justamente pelo clube ficar abrigado dele) lá no meio do lago, tivemos que parar algumas vezes para tirar plástico do foil. Coisa que NUNCA havia acontecido por aqui.
É preciso cuidar do lago. Ele é muito sensível para aguentar a mão pesada do homem sem instrução ambiental.
Todo ano, no fim de março, comemora-se o Dia Mundial da Água. Os “cartolas” convocam uma turma para um “clean up” (tem que ser em inglês) e chamam a imprensa para contar vantagem dizendo que foram coletadas “500 mil” toneladas de lixo, mais que no ano anterior.
Não é preciso ser nenhum marketeiro de político para chegar à conclusão que o governo deveria se vangloriar não de ter batido o recorde de lixo coletado, mas, isso sim, de ter recolhido menos lixo que no ano anterior. Sem fingir, claro.
Eles fazem 1 dia de ação de limpeza e deixam os outros 364 pra lá. Todo ano é assim! Todo ano o lixo coletado aumenta!
Teve um ano desses aí que, no dia da “figuração”, entrou um caminhão de lixo no Katanka com a imprensa atrás perguntando quanto de lixo havíamos retirado. “O nosso tá naquele saco de lixo ali”. A orla do Katanka é limpa todo dia. E lamentamos ter que precisar fazer isso, não pelo trabalho que dá, mas por saber que todo dia o vento leste predominante traz pra gente garrafas, copos, sacos plásticos e mais um monte de coisa que só a mão dos mal-educados humanos atira no chão ou direto na água.
Orla do Katanka
Bom, teremos um fim de semana de vento noroeste pela frente. As plantas vão para a margem das QL do lago sul. As QL foram abertas à população sem o devido acompanhamento ambiental e as margens estão sujas e largadas há quase 10 anos. Que tal recolherem essas plantas e esse lixo neste fim de semana e fazerem uma linda matéria para a televisão?
O nosso "repórter", Marcello Morrone, tem toda razão! Temos que comemorar só quando a coleta de lixo do lago for DIMINUIR! Bela matéria!